quinta-feira

Frêmito da paixão


Frêmito da paixão


Perola Bensabath

Roberta cresceu tentando simplificar o mundo, até fazê-lo caber dentro de um baú de joias... Um baú repleto de magia.
A vida na infância, que se prolongou, foi como um lago tranquilo, enfeitado por pétalas de rosas. Correndo na praia, brincando de roda, descalça, cabelos ao vento num emaranhado de sonhos. A adolescência chegou vagarosamente e a sensualidade veio se avizinhando, até que explodiu...em sonhos eróticos, em carícias solitárias, em desejos incontidos.
Aos 16 anos era uma mulher linda e sorridente. Começou a ler romances de amor.
Mas ela queria mais que amor. Roberta queria as carícias sensuais do sexo, Roberta queria... ser transformada em uma mulher...  Conhecer os segredos do erotismo pleno.

----------------------------------------------------------------
Lúcia Laborda

Certo dia, em pleno verão, noite quente, calor abrasador, ela decidiu ir até a praia molhar o corpo e sentir a brisa advinda do mar, sentar na areia e observar as estrelas. Aquele lugar, nessa época, ficava cheio de turistas que queriam desfrutar daquele local paradisíaco. Assim, Roberta vestiu o biquíni e foi até a praia. Haviam muitas pessoas que talvez, tivessem o mesmo pensamento dela.
Além da simplicidade, era bela, tinha um corpo bonito e uns olhos vivos, sensuais, que chamavam a atenção. Sem se dar conta, ela estava sendo observada por um dos rapazes que ali se
encontravam. Ao vê-la passar, decidiu dar um mergulho também. Entrou no mar e se dirigiu a ela e começou a fazer perguntas sobre o lugar, sobre o mar e por fim, sobre ela. Naquele instante, os olhos se cruzaram e ela sentiu algo diferente. Um friozinho percorreu pelo seu corpo. Ela nunca havia sentido nada igual. Num impulso ele segurou-a pela mão e perguntou se podia nadar com ela.
Naquele instante, ela estremeceu e ele carinhosamente observou; você está com frio, venha que lhe aqueço e abraçou-a com carinho.
Gabriel era o nome daquele rapaz. Lindo, olhos verdes, duas contas. Um olhar sensual que parecia desnudar qualquer uma. E não foi diferente com Roberta. E se denunciaram quando os olhares se cruzaram. Pareciam que eram velhos conhecidos.

-----------------------------------------------------------
Maria Teresa Freire

E naquela praia, em pleno mar verde esmeralda, de águas mornas e ondas suaves a paixão explodiu. O abraço trouxe-a mais para perto. Os lábios desejosos do beijo se encontraram e se uniram com sofreguidão. Lento, sensual, profundo, provocador de outras sensações. Puxa-a mais ainda para si. O encaixe era perfeito. Feitos um para o outro. Vagarosamente, levou- a em direção à praia, vazia. Areia quente do sol ameno convidava ao amor. Olhos fixos um no outro, sentindo o forte apelo sexual a gritar a plenos pulmões, ele a conduziu para o recanto protegido por árvores e arbustos. Delicadamente lhe tirou o biquini. Os seios entumecidos ansiavam por carícias. O corpo todo clamava por ele, pela sua masculinidade. Carinhosamente, ele tateou aquele corpo nu, esplêndido, a espera do amor abrasivo. Roberta quase perdeu os sentidos. Não conhecia nenhuma das sensações que o prazer sexual podia causar. As carícias se adensaram e ele gentilmente conduziu a mão dela pelo seu próprio corpo para que ela sentisse o frêmito da paixão.

--------------------------------------------------------------------------------------
Daniel Lopes de Oliveira


E sua mão ao percorrer por aquele corpo, pode sentir a rigidez do falo que já se encontrava preparado para uma batalha que ela tanto ansiava, mas que, até então, só existia em sua imaginação e na delícia dos seus sonhos e devaneios eróticos, onde o clímax sempre a deixava toda umedecida pelos licores do prazer que emanavam do seu sexo. À medida que ela acariciava aquele apêndice do corpo masculino, com que ela tanto sonhava, sentia que também estava levando Gabriel à loucura, pois ele intensificava, cada vez mais, suas carícias e não poupava nenhuma parte do corpo de Roberta, beijando-a totalmente com sofreguidão. Afinal, Gabriel não era um novato na arte de amar, porém, sabia que tinha em seus braços uma jovem, cujos frêmitos, demonstravam que era uma fruta que estava preparada para ser desfrutada em todo seu esplendor, mas que ainda não havia sido colhida. Roberta, mesmo sem ter a mesma experiência de Gabriel, correspondeu aos seus carinhos e desbravou seu corpo com seus lábios o que, num instante levou os dois a um orgasmo homérico que ele nunca havia experimentado e ela, que estava sendo iniciada, também nunca havia sentido uma sensação como aquela, que lhe deixava totalmente desvairada suplicando a ele que queria ser possuída totalmente naquele instante. Gabriel viu que tinha à sua mercê uma virgem pronta para ser deflorada. Mesmo achando que tal ato deveria ser realizado com toda pompa sobre uma alcova forrada de linho e cetim, dado ao estado de excitação em que ambos se encontravam, sabia que não poderiam esperar mais, e cuidadosamente, com todo o carinho que a situação exigia, penetrou-a, pela primeira vez, lentamente, naquele ninho do amor. Roberta sentiu, inicialmente, um certo incômodo, ao ter aquele membro viril sendo penetrado em suas entranhas. Sentia um misto de dor e de prazer. Quando Gabriel imprimiu um ritmo maior nos movimentos de entrar e sair daquele ninho de amor, a reação de Roberta foi inusitada e surpreendente, pois, pedia cada vez mais que ele aumentasse o ritmo e não parasse. Estava totalmente tomada pelo desejo e arquejava numa demonstração de que estava prestes a irromper num gozo espetacular. E realmente aconteceu. Os dois acabaram chegando ao apogeu simultaneamente e gozaram como nunca podiam imaginar. Seus gemidos poderiam ser ouvidos de longe. Por sorte a praia estava deserta e eles puderam sentir o gozo do amor se serem molestados. Depois daquela primeira e gostosa experiência sexual, combinaram que a próxima seria em um quarto de motel, onde eles continuariam a desvendar as delícias do amor.

quarta-feira

Rosas para Giselly


Rosas para Giselly


Paris 1830

Inverno, final da tarde.
Aquele seria o primeiro dia em que o tempo anunciara o fim daquele inverno rigoroso. Giselly, uma jovem com a saúde frágil, havia cansado de se resguardar em casa, a espera de dias melhores, mais quentes, para que pudesse sair. Durante o rigor do frio, neve e das garoas, ela havia sido proibida de ir as ruas e se proteger, da melhor maneira possível.
O tempo havia dado uma melhora. O céu já não estava tão cinzento e o frio já soprava suavemente. O sol continuava escondido, mas já dava um ar ameno nas ruas, iluminando aqueles imensos jardins coloridos pelas flores, que já apareciam aqui e ali... Aproveitando o anúncio da chegada da primavera e levada pelo cansaço e triste, pelo tempo recolhido, dentro de casa, Giselly decidiu fazer um passeio nas margens do rio Reno. Se agasalhou bastante, pegou o sombreiro e saiu.
Estava na flor da idade, mas por causa do seu estado frágil de saúde, não tinha convivência com ninguém. Quase não saia, a não ser que o tempo desse garantia de uma temperatura agradável. Pouco se afastava de casa e nos últimos anos, os instrutores iam até sua casa, ministrar aulas.
Andava pelas ruas, como se tudo fosse novidade. Se encantava com o movimento dos carros, das pessoas que entravam e saiam das luxuosas lojas e com o perfume das ruas, advindo das famosas perfumarias.
Por alguns instantes, ela até se esqueceu dos problemas e se distanciou das área que costumava andar e decidiu ver de perto o rio Reno. Talvez, quem sabe, um passeio nos barcos? Pensou!
Assim o fez. Atravessou as ruas e foi se ater nas margens daquele lugar, onde sempre tivera o sonho de andar. Estava ali, extasiada diante de tudo. Tudo era novidade. Levada pelo impulso, foi aos poucos se aproximando e desceu as escadas chegando a um dos barcos, que se aproximava a hora da partida, levando turistas a conhecer a cidade e lugares encantadores.
Haviam negociantes de todas as ordens, que ofertavam seus produtos; desde lanches, a flores. Dentre eles, Jean Michel, um rapaz forte, bonito, com o sorriso largo, dono da floricultura, que se encantou com a menina. De fato, era linda, apesar da fragilidade. Tinha os cabelos longos, magrinha, olhos verdes e apesar de tudo, estava feliz e sorridente. 
Michel parou alguns instantes para observá-la e num impulso, foi até lá e ofereceu-lhe uma rosa. E os olhos se cruzaram. Haviam algo doce naquele gesto dos dois. Ela emocionada, com os olhos marejados de lágrimas. Agradeceu. Ele sem saber o que dizer, perguntou se era turista, igual a maioria que por ali passara. E foi assim, que começaram a conversar. Daquele dia em diante, todas as tardes, naquele mesmo horário, ela estava no mesmo lugar, um banco escolhido pelos dois, próximo a floricultura. Giselly havia até esquecido seu problema, sua proibição com frieza, ventos e chuvas. Muitas vezes, contrariando todas as advertências, ela saia ao encontro de Michel.
Qualquer pessoa que olhasse para eles, percebia a paixão, o amor que os envolvia. E assim, viveram por longos e felizes meses. Sempre no mesmo banco e sempre ele a recebia com uma rosa na mão.
Certo dia, em pleno inverno rigoroso, Michel esperou por Giselly por horas, mas ela não apareceu. Ele colocou a rosa no banco e saiu. No outro dia a mesma coisa, o mesmo gesto. Então decidiu ir a sua procura. Chegando à sua casa, soube que ela havia falecido, no dia em que deixou de ir ao encontro. Mas que havia deixado um bilhete, escrito alguns minutos antes de ir para o hospital. Porém, ninguém sabia como fazê-lo. Pois, no envelope só constava: Para meu grande amor, Michel. 
Desesperado, abriu e perplexo, leu as últimas palavras da sua amada. Michel ajoelhou-se com os olhos embaçados pelas lágrimas, olhou para o céu e peguntou: por que Senhor? Por que a minha Giselly? Ficou ali por longos instantes, como quem busca uma explicação. Levantou, beijou a rosa que segurava e voltou ao banco onde passara horas ao lado da amada.

Daquele dia em diante, nunca mais ninguém viu Michel sorrir. E todos os dias ele colocava uma rosa no banco, com um bilhete: Para minha Giselly.

A espera daquele olhar


A espera daquele olhar

Havia um certo mistério naquele olhar. E cada dia mais, sentia algo dentro de mim, a me instigar, a querer desvendar. Ele quase não aparecia, mas aquela voz, ressoava em meus ouvidos. Quantos mistérios existiriam por detrás daquele olhar? Tudo que sabíamos era sobre aquele sorriso largo, que a muitas encantara. Não posso negar, eu também me sentia cada dia mais atraída. Lembrei que desde menina, essa atração já existia, por tudo que envolvesse algum subterfúgio. Assim começamos a trocar olhares e cada vez mais envolventes.
A minha irmã muito perspicaz, começou a desconfiar de alguma coisa e certa noite, ela foi até o meu quarto, ter uma conversa comigo. E não deu outra; ela me pegou fuçando a página da rede social dele. Esperta que é, aproveitou a oportunidade para saber a respeito. Foi difícil negar, algo que estava tão óbvio em mim; nas minhas atitudes e reações, sempre que o assunto, por acaso envolvia o nome dele.  Ou se assim não o fosse, sempre haveria uma oportunidade de falar qualquer coisa a respeito.
Morávamos bem perto um do outro. Da janela do meu quarto, poderia ver quando ele estivesse chegando em casa. Mas, quase não nos víamos. Os horários pareciam que não se casavam, ou quem sabe, ele tivesse alguma namorada? Certo dia, decidi que esperaria ele chegar, ainda que fosse tarde. Cheguei do trabalho e fui direto para o quarto. Senti que aquele dia, tudo ia dar certo. Tomei um banho, escolhi uma roupa bem sensual, preta, cujo decote deixava transparecer o colo dos seios. Escolhi os adereços, que achei que combinassem com o conjunto, calcei uma sandália dourada, salto alto, que deixava transparecer o pé. Ah, o perfume!.., fui buscar escondidinho, para ocasiões especiais, o meu Jean Paul Gaultier. Dei uma escovada nos cabelos e debrucei na janela, a espera daquele olhar.

Destinos cruzados


Destinos cruzados

Havia algo que me intrigava naquele olhar distante. Mas, dia após dia, por mais que tentasse, Ana não conseguia se aproximar. Lauro era aquela pessoa introvertida, que se mantinha um pouco distante das pessoas. Sempre sozinho, nunca ninguém o havia encontrado em nenhum evento. Laurinho, como era conhecido entre os poucos e eventuais amigos, era um homem bonito; um coroa alto, elegante, que se vestia com harmonia e simplicidade. Porém, o seu perfume agradável, era marcante e exalava por todos os lugares que passava. 
Não tinha muito tempo que se mudara para a cidade. Havia instalado ali, seu pequeno comércio. Farmacêutico experiente, chegou àquela pacata cidade, em busca de uma vida tranquila. Vivia sozinho, num apartamento simples de dois quartos. Era um pequeno empresário, do ramo farmacêutico e vivia apenas de casa para o trabalho. 
A proximidade dos apartamentos dele e de Ana, fazia com que os dois se encontrassem quase que diariamente. E sempre que isso acontecia, despertava nela, maior interesse em olhar no fundo daqueles olhos fugidios, que apenas se percebia um verde musgo, distante e perdido no vazio do tempo, a maioria das vezes.
E, por mais que tentasse, ela não conseguia deixar de pensar. Aquela introspecção e jeito misterioso de ser, chamavam a sua atenção. As imagens eram constantes em sua mente. Aquele cheiro estava tão impregnado nela, que o dia inteiro o sentia, inexplicavelmente.
Certa noite, sem conseguir conciliar o sono, percebeu que toda sua inquietação provinha das imagens e daquela fragrância, inesquecíveis! Levantou e começou a se questionar os motivos de tanta inquietação e tantos pensamentos por um, praticamente, desconhecido. Sim, Laurinho era isso. Nunca havíam trocado mais que breves cumprimentos. Seu nome era conhecido, porque estava escrito em seu guarda pó, que usava durante o expediente da farmácia e ouvia algumas poucas pessoas chamá-lo. Para seu descontento, se percebeu apaixonada; 
- como assim? Paixão por um quase desconhecido? 
Meu Deus, como pude chegar a esse ponto? 
Ana  não conseguia achar uma resposta que aquietasse  sua alma. Mas, pensando bem, isso era o que menos importava... como fazer agora? Era a pergunta que não saia de sua cabeça.
As horas se passaram o dia amanheceu e ela foi a luta. Em seu trabalho, aquela pergunta que se fez a noite, a inquietava. As amigas notaram seu comportamento inquieto e calado. Todas estavam querendo saber o que se passara, mas ela continuava dizer, que não era nada. Estava apenas em uma fase introspectiva, para pensar na vida.
A noite desceu, fria. O vento deixava a sensação de uma temperatura menor, que a real. Ana havia chegado mais cedo do trabalho. Tomou um banho para relaxar e deitou pensativa. De uma hora pra outra, tomou uma decisão: ou fazia algo, ou, enlouqueceria, já que não conseguia fazer mais nada, sem ser atropelada por aqueles pensamentos. Afinal, quem seria aquele misterioso, que a tomou por inteira?
Levantou, se vestiu discretamente, mas, elegante e sensual. Seu decote deixava o colo dos seios à mostra e a saia ligeiramente curta, com uma pequena fenda lateral. O preto ressaia bem em tom de pele e dos cabelos. Fez uma ligeira maquiagem, enrolou um cachecol no pescoço e decidida foi até a farmácia.
O friozinho arrepiava sua pele e a fez apressar os passos. Se aproximou e percebeu que o estabelecimento estava quase fechando. Havia apenas um foco de luz, que vinha de uma pequena porta, aberta na lateral. Sem pensar em nada, entrou e o viu terminando de arrumar as prateleiras, Imediatamente se perguntou: que farei agora, que direi? Não havia pensado nisso, mas deixaria que sua intuição falasse mais alto; ou talvez, nada precisassem falar.
- Boa noite!
Ele se voltou para ela e se deslumbrou com o que via. Pela primeira vez, aquele olhar se desprendia dele mesmo e com um ar mais ameno e surpreso, respondeu;
- Boa noite! Em que posso ajudar? 
Ela aproveitando aquele momento único, mantinha o olhar fixo no dele. Aquele momento, eles sentiram que havia algo mais forte no ar.
E Ana, vestida de uma coragem, que não sabia onde a encontrara, lhe disse:
Na verdade eu vim procurar um remédio, que em nenhuma farmácia consegui encontrar. E os dois se aproximavam de mansinho, como se um imã, estivesse puxando um, de encontro ao outro.
- E acha que posso ter aqui?
- Sim, disse Ana. Claro que não na farmácia, mas dentro de você...
E ele agarrou-a com ímpeto e volúpia. Se beijaram com intensidade e ardor. As carícias foram se intensificando e em êxtase, ali mesmo, os dois fizeram amor.
A história de vida de Laurinho, naquele momento foi esquecida, ficara pra depois, quando aquele momento passasse...


Vem comigo?


Vem comigo?
Lúcia Laborda

O telefone tocou; uma voz pouco conhecida, porém marcante, a fez sentir arrepios. Do outro lado, aquela voz sensual, dizia querer vê-la. Minutos antes, havia recebido umas fotos. Hummmm!, pensara: é ele! O homem misterioso... e vieram muitas outras, como a querer mostrar-ser para ela. Estava sem palavras.
O relógio marcava 22 h. Incrédula, sentia que perdia o chão de tanto contentamento. Afinal, era uma figura solitária e misteriosa, que pouco via, mas que admirava muito! Talvez bem mais que uma simples admiração. Apesar de saber pouco a respeito dele. Pouco também as pessoas do condomínio sabiam.
Talvez, aquele mistério todo a atraísse. Ou, a própria solidão em que os dois viviam. Muitas vezes se tornava impossível não pensar naquele olhar. E, de repente, sem entender como, estava ali, a ouvir aquela voz do outro lado da linha, a querer vê-la, nem que fosse por instantes, na porta do elevador.
Pensou por que não? O que poderia nos impedir? Assim combinaram; quase nem acreditava no que estava acontecendo. O dia havia transcorrido normal, vazio como todos os outros e de repente, estava ali prostrada na porta do elevador; nervosa, encabulada e ansiosa para aquela porta se abrir. O edifício em que moravam, parecia que todos dormiam. O silencio, naquele momento era inquietante. Muitas sensações experimentara em poucos segundos.
O telefone tocou novamente; era ele a dizer que já estava subindo. O coração parecia querer sair pela boca. Sentiu que as mãos estavam trêmulas, geladas! As luzes acendiam marcando os andares e apesar da distância tão curta, parecia não querer chegar.
De repente, a porta se abriu e ele estava lá, sorridente com aqueles olhos lindos! Paralisada, sem ação, ela viu que estava determinado e vinha em sua direção. Sem que esperasse, sem nada dizer, apertou-a em seus braços, envolvendo-a com paixão.
E trocaram carícias, como se já tivessem intimidades. Eram corpos que se buscavam com veemência e fulgor. Beijaram-se com volúpia e desejo. De repente ele disse baixinho em seu ouvido: vem comigo?

Daniel Lopes

“Como resistir àquele convite! Afinal, era o que, no íntimo, mais desejava. Afinal, sua solidão já durava certo tempo, em que ficava, noite, após noite, sonhando com alguma coisa parecida. Então por que temer? Vou me entregar de corpo e alma e ver o que irá acontecer, pensou ela.”

Ao ver que ao meu convite, ela não titubeou, uma onda de alegria tomou conta do meu ser, pois, eu a desejava há muito tempo. Vinha fazendo um flerte discreto esperando a hora certa para que tudo acontecesse. Finalmente, era o dia! Era o momento tão esperado, creio que por nós dois. Então nos dirigimos ao andar em que eu morava, e tratando-a como uma princesa a introduzi no meu apartamento. Desculpei-me pela bagunça generalizada, pois eu morava sozinho e somente uma vez por semana vinha uma senhora para fazer a limpeza e botar as coisas em ordem.
Mas uma coisa que eu mesmo fazia conta de manter arrumado era o meu quarto. Detestava ver um quarto desarrumado. Assim, todos os dias, eu mesmo cuidava de deixar a minha cama toda bem arrumada, talvez até porque nutria a esperança de que o
dia em que as coisas acontecessem, não seria pego de surpresa. E o dia era hoje, ou melhor, a noite era hoje!
Sem dizer palavras, deixando que nossos corpos falassem por nós, levei-a até o meu quarto, e ali lhe servi um “Dry Martini”, em uma taça que há muito tempo estava esperando por aquele momento. Coloquei para tocar o bolero “Besame Mucho” na voz de Andrea Bocelli que daria o tom e o clima para o que estava por acontecer.
Sem muitas delongas, fomos nos acariciando cada vez mais, até chegarmos ao ponto em que nossos sentidos falaram mais alto e dominaram nossa vontade.
De repente eu tinha ali, na minha frente, aquela formosura de mulher no mesmo estado de quando veio ao mundo, totalmente nua à minha mercê. Querendo que eu a possuísse. E eu não sabia se iria possuí-la ou se seria possuído por aquela mulher que poderia ser, ao mesmo tempo, um anjo ou um demônio, pois eu estava totalmente fora de mim, totalmente possuído por aquela tremenda tentação.
E sem pensarmos em mais nada, a não ser naquele encontro que finalmente estava acontecendo, e fomos nos entregando um ao outro e experimentando tudo quanto o amor pode nos dar. E a tudo ela correspondia e me dava um pouco mais. E o tempo foi passando sem que nos apercebêssemos, pois o tempo já não nos interessava e não contava para nós.
Quando, finalmente os raios do sol entraram pela vidraça da janela, anunciando o nascer de um novo dia, olhamos um nos olhos do outro e tivemos a certeza de que o que aconteceu foi sublime, pois deixou-nos totalmente saciados do sexo e do desejo, mas com uma vontade de querer cada vez mais, bastando para acontecer novamente que fosse pronunciada a palavra mágica que deu início a tudo: Vem Comigo?


Primos


Primos

Pérola Bensabath – Parte I

Ela sabia que era linda. Mas sabia também que ele era seu primo. E para piorar a situação... Os parentes diziam que Alberto era seu “primo irmão”.
Há tempos ela sentia atração por aquele irmão-primo e há tempos ele a cortejava com joias, flores, beijinhos demorados no canto da boca... Demorados demais...
Ela estava com 16 aninhos e o adorado primo com 28. Diferença de idade? Para ambos isto não importava.
Era o fogo do amor no ar... em todos os seus matizes apimentados e coloridos.
Os dois se atraíam, os dois se amavam. Mas para aquela família tradicional seria tabu. Proibido!
Quando ela completou 17 anos resolveu oferecer uma festinha para os amigos e claro que o Alberto seria convidado. Ele talvez se sentisse deslocado devido a ter mais idade que a turma que estaria presente. Os amigos dele, que ela conhecia, estavam na sua faixa de idade.
Na festa, como uma princesa estava vestida e como tal princesa se sentia. Toda aquela produção tinha um alvo: o primo.
Quando ele chegou à festa vinha precedido de uma braçada de rosas vermelhas. Abraçou a aniversariante demoradamente e lhe segredou..." Leia o cartão e use o que contém o pacotinho".
Ela se dirigiu ao seu quarto e leu: após a meia noite estarei no quarto de hóspedes, use a calcinha vermelha que estou lhe presenteando e vá ao meu encontro...Farei você vivenciar seus primeiros momentos de mulher.
Primo-irmão? Diferença de idade? Nada impediria aquele encontro e outros mais que aconteceriam com intensa paixão.
(deixo para os leitores a continuação do romance, por conta das
suas imaginações...)

Lúcia Laborda – Parte II

Nem estava acreditando no que acabara de ler. Um suor frio lhe percorreu as faces. Sentiu que queimavam. Olhou no espelho e viu o rubor. Tentou acalmar o coração que batia acelerado e foi ao encontro dos convidados. Queria parecer tranqüila, mas, as palavras daquele bilhete, ainda ressoavam em sua lembrança.
Isso era tudo que sempre quis! Mas, naquele momento inesperado, sentiu uma enorme aflição. Aquelas palavras, primo irmão, nunca foram tão pesadas, quanto pareciam naquele momento. Estava Ali, dentre os convidados, porém, era apenas uma presença, porque seus pensamentos estavam distantes, naquela proposta tão encantadora que recebera.
Estava feliz e sorria como uma criança, que acabara de receber um brinquedo que tanto desejara. Em meio aos convidados e a família, já não conseguia disfarçar a ansiedade e o nervosismo. Uma dúvida pairava em sua cabeça: como se ausentar daquele espaço, sem que as pessoas notassem sua ausência? Como esquecer aquelas palavras, que pesaram tanto em sua consciência, sempre que encontrava aqueles olhos? Seria certo dar vazão aos sentimentos? Seria certo deixar aquele momento tão sonhado passar?
As dúvidas e perguntas que não encontrava respostas deixavam-na confusa. Naquele momento, decidiu conversar com sua amiga, que já conhecia aquela paixão silenciosa, aquele intenso amor silente, pelo primo.
Num instante passou uma idéia pela cabeça; chamou a amiga e foram até o quarto. Após uma conversa sobre o ocorrido, decidiram que ela iria ao encontro, enquanto a amiga atenderia a todos, se encarregando de dar uma desculpa pela ausência temporária da aniversariante, e foi ao encontro dos convidados.
Estava visivelmente nervosa! Ajeitou-se, colocou a calcinha conforme ele havia solicitado. Trêmula, mas, decidida, partiu em direção a realização daquele sonho acalentado por tanto tempo. Não permitiria que aquelas palavras, transformassem seu sonho em pesadelo.

DANIEL LOPES DE OLIVEIRA - Parte III

O relógio acabara de marcar meia-noite, e ELIZABETH, com medo que ele não fosse lhe esperar, caso ela demorasse, sorrateiramente disfarçou e se dirigiu ao quarto de hóspedes onde Alberto deveria estar. A porta do quarto estava apenas encostada. O quarto estava levemente iluminado por um abajur, onde Alberto havia colocado uma blusa para quebrar ainda mais a luminosidade, dando um aspecto sensual aonde iria se desenrolar um delicioso combate do amor, como ele esperava.
O coração lhe batia na boca. Sua ansiedade só não era maior do que sua excitação pelo que estava para acontecer. Sentia seu ventre latejarde tanta excitação. Ficava imaginando. Será que Alberto sabe que ainda sou virgem? Que ele vai ser o meu primeiro homem? Como será que ele vai reagir? Mas todos esses pensamentos logo desapareciam só em pensar na sua realização. Ao mesmo tempo, sentia uma inquietação ao lembrar que eram primos-irmãos. Mas o desejo era maior e esses pensamentos logo se desvaneciam.
Tomou coragem e entrou e, assim que seus olhos se acostumaram com a pouca iluminação, pode vê-lo. Alberto estava sem a camisa e mostrava toda a exuberância do seu corpo sarado. Na sua barriga se delineava toda a musculatura do seu abdome, formando o que se convencionou chamar de “barriga de tanquinho”. Ele veio ao seu encontro e enlaçou-a nos braços dando-lhe um longo beijo, com suas línguas provocando uma luta, como se fossem duas cobras. Uma querendo comer a outra. As mãos de ambos percorriam um o corpo do outro. E no auge da excitação sentiram que o momento havia chegado. Alberto a despiu lentamente, deixando-a apenas com a calcinha vermelha que havia lhe presenteado. Olhava aquele corpo de menina moça e não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo. Tinha diante de si uma menina prestes a se tornar mulher, e esse pensamento o excitava ainda mais. Foi quando ela tomou a iniciativa e começou a tirar a roupa deAlberto, deixando-o apenas com uma pequena sunga, onde toda a sua excitação se revelava. Quando, finalmente, ela retirou essa última peça, pode ver o apêndice portentoso do seu primo. Já não podiam mais parar. O envolvimento era demais. Alberto docemente colocou-adeitada na cama, retirou o presente que lhe havia dado e pode, assim, contemplar na sua totalidade a exuberância daquele corpo de mulher. Então, ambos querendo a mesma coisa, num arrebatamento maior, uniram o côncavo e o convexo, e entre gritos e gemidos, que só não eram ouvidos pelos demais convidados, porque a sua amiga, num gesto de cumplicidade, havia aumentado o volume da música que estava tocando enquanto os convidados dançavam. Parece que ninguém havia notado a ausência da aniversariante, que retornou para a festa depois dequase duas horas. Tinha o rosto rosado e um brilho no olhar de quem havia ganhado um lindo e gostoso troféu. Alberto apareceu logo mais e, pelo seu olhar, também parecia ter encontrado o paraíso por ter sido o primeiro homem na vida da sua prima. ELIZABETH já estava pensando numa maneira de voltar a ficar a sós com Alberto, que havia deixado de ser um primo-irmão para ser o homem da sua vida!